Sobre agmenezes

André Gustavo Menezes, apaixonado por vinhos e pela boa gastronomia, é formado pelo instituto inglês Wine & Spirits Education Trust (WSET), além de ter sido certificado em diversos cursos pela ABS-SP e Escola Ciclo das Vinhas. Longe de ser uma autoridade no assunto, mas ávido participante de eventos e degustações, resolveu escrever este blog para compartilhar suas impressões e comentários sobre vinhos (e restaurantes), e quem sabe, dar algumas dicas descomplicadas para àqueles interessados. André também possui formação em administração de empresas pela California State University Northridge, em Los Angeles, e atua no mercado financeiro há vários anos. Santé!

Os principais cortes dos vinhos Alentejanos com Rui Falcão

No início de setembro (sim, eu estou bem atrasado nos posts!), participei de evento organizado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana com alguns dos mais tradicionais produtores de vinhos do Alentejo, dentre eles a Adega de Borba, Cartuxa, Herdade do Mouchão, Tapada do Fidalgo, Paulo Laureano Vinus, Tiago Cabaço Wines, e Cortes de Cima, todos importados pela Adega Alentejana, além diversos rótulos produzidos pela Herdade São Miguel, J. Portugal Ramos Vinhos, Quinta do Zambujeiro e Herdade Paço do Conde, que chegam aqui através de outras importadoras.

Vinhos do Alentejo 2013

Para mim, um dos grandes destaques foram os vinhos da Quinta do Zambujeiro, os quais ainda não conhecia. Trazidos ao Brasil pela Casa Flora, a vinícola está situada em Rio de Moinhos (Borba), a aproximadamente 170 Km de Lisboa, e possui 22 hectares de vinha, com idades entre 5 e 45 anos, em solos são predominantemente xistosos. Lá são produzidas principalmente castas portuguesas, dentre elas a trincadeira, aragonez, castelão (periquita) e touriga nacional, bem como uma pequena parcela de alicante bouschet, cabernet sauvignon e petit verdot.

Tive o prazer de provar 3 vinhos desta vinícola, todos muito elegantes e que se diferem tanto pelas uvas utilizadas em cada corte, mas principalmente pela evolução em complexidade. Com produção de no máximo 7.000 garrafas, o tinto Zambujeiro, um corte de cabernet sauvignon, touriga nacional, aragonez, trincadeira e alicante bouschet, do qual provei as safras de 2003 e 2005, estava simplesmente fantástico.

Zambujeiro Tinto 2005

Zambujeiro Tinto 2005

Durante o mesmo evento, participei ainda de uma prova dirigida pelo renomado jornalista de crítico de vinhos português Rui Falcão, cujo tema era  “Os principais cortes dos Vinhos Alentejanos”, e incluiu uma degustação de alguns dos principais rótulos elaborados nesta famosa região portuguesa. A aula do Rui é sempre um espetáculo à parte – didática, rica em detalhes e recheada de aprendizados.

Rui Falcão

O jornalista e crítico de vinhos Rui Falcão 

Mas vamos aos vinhos degustados!

1) Adega de Borba DOC Branco 2012 – Produzido pela Cooperativa de Borba, considerada a mais antiga do Alentejo, este corte de antão vaz, arinto e roupeiro tem cor amarelho palha com reflexos esverdeados e traz aromas de maça verde e abacaxi. Em boca é fresco, bastante agradável, e tem boa acidez, confirmando os aromas de frutas brancas e cítricas. Deve ir muito bem com frutos do mar ou com algum prato cuja preparação leve molho branco. O vinho é importado pela Adega Alentejana e custa em torno de R$ 45,00, com boa relação preço/qualidade.

Borba Doc Branco

2) Régia Colheita 2011 – Na minha opinião, a grande surpresa dessa degustação. Produzido pela CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, criada em 1971 e atualmente com cerca de mil associados, este branco leva antão vaz, arinto e a menos conhecida perrum, uva muito antiga que só existe no Alentejo. De cor amarelo dourado brilhante, possui aromas de abacaxi em calda e um defumado bastante agradável, talvez fruto da sua passagem por barrica usada. Um vinho de personalidade, é untuoso na boca, com médio corpo e final não muito longo. Com certeza uma boa companhia para alguns pratos de bacalhau. Este Régia custa R$ 41,00 na Casa Santa Luzia, uma excelente compra.

Régia Colheita

3) Herdade das Albernoas 2011 – Este tinto leve é o primeiro vinho da Herdade Paço do Conde, e leva aragonez, trincadeira e alicante bouschet. No nariz é bastante agradável, com aromas de frutas vermelhas em compota e especiarias. Na boca, além de uma boa expressão da fruta em compota, tem taninos presentes, mas que não agridem, e boa acidez. Vejo esse vinho no mercado (acredito que seja possível encontrá-lo no Empório Mercantil em Pinheiros) por volta dos R$ 35,00, que também é uma boa compra.

Herdade das Albernoas4) Reserva ACR Tinto 2009 – Outro corte de uvas tintas, desta vez da Adega Cooperativa de Redondo, feito com aragonês, trincadeira e alicante bouschet. De cor rubi muito viva, apresenta aromas intensos de frutas vermelhas em geléia e chocolate. Com estágio de 12 meses em barricas francesas e americanas, é concentrado, elegante e tem boa persistência. O preço fica em torno dos R$ 75,00 no mercado de São Paulo.

Reserva ACR

5) Herdade do Peso Colheita 2011 – Quem traz este tinto ao mercado é a gigante Sogrape, maior empresa vinícola de Portugal, que produz, em diversas regiões, desde o simples vinho Mateus Rosé até o famoso Barca Velha, passando por marcas como a Vila Régia, Grão Vasco, Offley e Sandeman. De cor rubi muito intensa e brilhante, o corte aqui é de aragonês, alicante bouschet e alfrocheiro e tem aromas de frutas vermelhas e negras, com notas balsâmicas. De corpo médio, é equilibrado, tem taninos presentes, boa acidez e persistência. Um vinho fácil de agradar, mas com um preço relativamente alto, R$ 108,00 na Zahil importadora.

Herdade do Peso Colheita

6) .Com 2010 – O próximo vinho é um velho conhecido nosso, sobre o qual já falei aqui neste blog, e que continua se destacando por sua excelente relação preço-qualidade. Produzido com as castas touriga nacional, cabernet sauvignon, aragonez e trincadeira, este .Com 2010 apresenta cor vermelho-rubi escuro e aromas de frutas vermelhas e negras maduras, e também de especiarias. Em boca é equilibrado, com taninos bem integrados, e média persistência. Custa em torno de R$ 45,00 no mercado brasileiro e inacreditáveis 3,00-3,50 euros em Portugal.

.Com

7) Herdade da Capela Reserva Tinto 2008 – Nosso último vinho é produzido pela Herdade da Capela com as castas aragonez, trincadeira e alicante bouschet e tem cor rubi com um aspecto visual já mais evoluído, puxando para granada. No nariz remete a frutas vermelhas mais maduras com um toque terroso e de baunilha. Em boca é equilibrado, confirmando os aromas de frutas maduras, e tem madeira muito bem integrada.

Herdade da Capela

Santé!

Degustação com a Go Where Gastronomia: Castas Francesas fora da França

Participei recentemente de uma degustação organizada pelo Walter Tommasi, editor e consultor de vinhos da Go Where Gastronomia, cuja matéria foi publicada na edição número 63 da revista. O tema? Castas francesas produzidas fora da França! A degustação contou com um total de 32 vinhos, os quais foram divididos entre varietais (15 rótulos) e vinhos de corte (17 rótulos). Às cegas, cada participante elegeu o seu rótulo favorito entre os dois grupos e o resultado foi bastante equilibrado, com uma diversidade de vinhos em destaque impressionante. Clique na capa abaixo para acessar a matéria completa. Santé!

Go Where Gastronomia

World Wine apresenta grandes vinhos da península Ibérica

Acontece nos dias 09 e 10 deste mês em São Paulo a 10ª edição do World Wine Experience, evento promovido há dez anos pela importadora World Wine. O tema deste ano? Vinhos da península Ibérica, os quais serão apresentados por cerca de 16 produtores portugueses e espanhóis exclusivos, que estarão no Brasil para mostrar novas safras de vinhos já conhecidos, além de diversas novidades.

Entre os destaques estarão algumas novidades no portfólio da importadora, tais como Herdade do Rocim, Quinta do Pessegueiro e Quinta Vale Dona Maria (Portugal); Bodega y Viñedos Valderiz e Bodegas y Viñedos Ponce (Espanha), além de outros já conhecidos, mas de altíssima qualidade, dentre eles a CARM, Quinta da Falorca, Quinta do Alqueve e Wiese & Krohn, de Portugal; e a Pere Ventura, Marqués Murrieta, Dinastía Vivanco, Bodegas Borsao, Falset-Marçà, Bodegas Mas Alta, e Bodegas y Viñedos Luna Beberide, da Espanha.

Eu estarei lá! Para mais informações, clique na figura abaixo. Santé!

World Wine Experience 2013

La furia dos grandes vinhos espanhóis da importadora Peninsula

Participei de uma degustação promovida pela Peninsula, importadora especializada em vinhos das mais renomadas regiões da Espanha, com mais de 150 rótulos de vinhos e cavas. A degustação foi organizada pelo seu novo gerente comercial, Rodrigo Leme, e conduzida pelos simpáticos proprietários Javier Gabarain e Pepita Rodriguez. Dentre os excelentes vinhos degustados, estavam:

1) Cava Juvé y Camps Reserva de La Familia Brut Nature 2006 (R$ 160,00) – De cor amarelo palha, essa deliciosa cava traz aromas de frutas brancas e um leve tostado. Na boca é cremosa e apresenta excelente frescor e acidez, com elegância e boa persistência. Com 90 pontos do Robert Parker e 91 do Guia Peñin, é um cava do tipo Brut Nature e passa, em média, 36 meses na garrafa. Foi companhia ideal para o jamón ibérico importado diretamente pela Peninsula, um dos melhores que já provei.

Juvé y Camps

2) Pezas da Portela 2007 (R$ 179,00) – Produzido pela bodega Val de Sil, este branco de cor amarelo palha brilhante vem da denominação de origem Valdeorras e é feito somente com a uva godello, que ganha cada vez mais espaço entre os brancos espanhóis pela sua elegância e complexidade de aromas. Esse traz frutas brancas, pêssegos, ervas e um toque mineral. Com passagem de 5 meses em barrica de carvalho francês, na boca é denso, saboroso, e fresco, com elegante untuosidade.

Pezas da Portela

3) Abadia Retuerta Selección Especial 2008 (R$ 188,00) – Um corte de tempranillo (75%), cabernet sauvignon (20%) e merlot (5%) produzido pela bodega de mesmo nome, tem cor rubi violáceo e traz fruta muito presente e aromas de chocolate, pimenta, e leve mentolado. Com passagem de 18 meses em carvalho francês e americano, é agradável, fresco e redondo, com taninos finos e muito bem integrados. Esta safra recebeu 92 pontos do crítico americano Robert Parker.

Abadia Retuerta

4) Casa Cisca 2005 (R$ 361,00) – Produzido pela Bodega Castaño, esse belíssimo tinto é feito com 100% da uva monastrell na denominação de origem Yecla, passando 13 meses em barricas novas de carvalho francês e americano, com uma produção total de 18 barricas. Com 93 pontos do Guia Peñin, traz aromas de frutas vermelhas muito maduras, um agradável toque balsâmico, resinoso, couro, defumados e é muito equilibrado em boca, com taninos abundantes, mas muito redondos. Um vinho diferente, que pode não agradar a todos no primeiro momento, mas cresce bastante quando evolui na taça.

Casa Cisca

5) San Vicente  2007 (R$ 328,00) – Este tinto é o único vinho produzido pela Bodega San Vicente, localizada no município de San Vicente de la Sonsierra na Rioja Alta. De belíssima cor rubi brilhante, é feito com 100% da uva tempranillo peludo e traz aromas de frutas negras, baunilha e tostado, enquanto na boca é apimentado e mostra notas de especiarias e café. Com passagem de 20 meses em barricas de carvalho francês (90%) e americano (10%), é macio, muito equilibrado e persistente. Um vinhaço, daqueles para passar um bom tempo degustando com os amigos. Melhor ainda se acompanhado de uma paleta de cordeiro.

San Vicente 2007

6) Pago de Santa Cruz 2010 (R$ 448,00) – A Viña Sastre é quem produz, em baixíssima quantidade e com uvas de vinhedo único, este belíssimo tinto da denominação de origem Ribera del Duero. De cor púrpura, mostrando toda a sua juventude, traz aromas de cereja, minerais, especiarias e baunilha, enquanto na boca apresenta taninos ainda bastante presentes, mas de excelente qualidade. Com altíssimo potencial de guarda, já mostra muita elegância, e tem final longo e persistente.

Pago de Santa Cruz 2010

Santé!

Zahil promove evento com produtores da América do Sul!

Vai ter muito vinho bom no evento promovido pela Zahil no dia 29/08 em São Paulo, onde a imprensa e consumidores poderão apreciar vinhos do Chile, Argentina, Brasil e Uruguai de nove produtores que fazem parte do portifólio da importadora. Basta comprar R$ 80,00 em vinhos sul americanos durante do mês de agosto e você já pode participar do evento! Eu estarei lá! Santé!

Evento Zahil 2013

Au Vin promove a 1ª Feira de Vinhos da Vila Nova Conceição!

No próximo sábado, dia 27, a importadora Au Vin promoverá a 1ª Feira de Vinhos da Vila Nova Conceição, que será realizada das 14 às 22 horas na Au Vin Shop and Tasting Bar (loja e bar de vinhos da própria importadora) localizada na Rua Diogo Jácome, 475. Para quem não conhece, a Au Vin é responsável por trazer ao Brasil os maravilhosos vinhos libaneses do Massaya, produzidos no coração do Vale do Bekaa, região que abriga os conhecimentos ancestrais e originais do vinho e da vinificação.

O evento terá a participação de diversos importadores e promoverá a degustação de mais de 50 rótulos especiais, entre vinhos e champagnes, além de massas, azeites e brigadeiros gourmet. Para completar, música ao vivo! Os ingressos podem ser adquiridos no local ou pelo telefone (11) 4561-2896 por apenas R$ 100,00 e incluem uma taça de cristal por pessoa!

Belo programa para este sábado! Santé!

Feira de Vinhos Au Vin

Monte da Raposinha, una furtiva lagrima

A convite da importadora Grand Cru, participei de uma degustação dos vinhos produzidos pela vinícola alentejana Monte da Raposinha, que contou com a participação de um dos seus proprietários, o simpático Nuno Ataíde. A Monte da Raposinha está localizada no norte do Alentejo, em Montargil, e seu nome “Raposinha” é uma homenagem ao pai da atual proprietária, que assim a chamava quando criança.

A vinificação teve início em 2007, e hoje a propriedade tem uma capacidade de produção de aproximadamente 100.000 garrafas, patamar considerado ideal para a manutenção dos níveis de qualidade já atingidos. Todas as atividades de produção estão sob a supervisão da enóloga consultora Susana Esteban, eleita enóloga do ano pela Revista de Vinhos em 2011. A vinícola também foi escolhida como produtor revelação do ano pela mesma publicação.

Mas vamos aos vinhos!

1) Monte da Raposinha Branco 2011 – R$ 58,00 – Um corte de arinto (85%) e sauvignon blanc (15%) que funcionou muito bem. Aromas de frutas cítricas e notas de abacaxi no nariz, com boa mineralidade, acidez e equilíbrio. Acompanha bem entradas e frutos do mar, como uma salada de camarão. Avaliação: Bom

Monte da Raposinha Branco

2) Athayde Branco Reserva 2010 – R$ 88,00 – Neste corte a arinto aparece com apenas 15%, abrindo espaço para a chardonnay (85%) que traz boa untuosidade e faz deste um vinho mais sério e suculento. No nariz, notas cítricas e minerais, com boa acidez e mais estrutura. Deve harmonizar bem com carnes brancas, incluindo peixes com molhos mas elaborados. Avaliação: Muito bom

Athayde Branco Reserva

3) Nós 2010 – R$ 42,00 – O primeiro tinto da vinícola é um corte de touriga nacional, syrah e trincadeira, em proporções iguais, e leva esse nome porque a palavra “nós” traz um sentido de partilha, pessoas estando juntas para degustar um bom vinho. E bom esse vinho realmente é, com boa expressão de fruta, frescor e taninos finos. Não tem passagem por madeira. Uma ótima compra pelo preço. Avaliação: Bom

Nós 2010

4) Monte da Raposinha Tinto 2010 – R$ 69,00 – Mais complexo e estruturado do que o seu irmão mais novo, este corte de touriga nacional, aragonês, alicante bouschet, syrah e trincadeira traz muita fruta madura, elegância, boa concentração, e um floral mais evidente, provavelmente em função da presença da touriga nacional. Na boca, sentimos a fruta e notas balsâmicas. Acompanhará bem carnes vermelhas. Vale o quanto custa. Avaliação: Muito bom

Monte da Raposinha Tinto 2010

5) Athayde Grande Escolha 2009 – R$ 120,00 – Esse tinto mescla as uvas syrah, touriga nacional, aragonês e alicante bouschet, e traz belíssimos aromas de frutas maduras, pimenta, e algumas notas químicas. Com passagem em barricas por 14 meses, na boca sente-se o tostado, além de especiarias. Muito elegante e integrado, com boa persistência. Como o seu antecessor, deve ir muito bem com carnes vermelhas e molhos mais fortes. Avaliação: Muito bom

Athayde Grande Escolha Tinto

6) Furtiva Lagrima 2008 – R$ 320,00 – Como bom apreciador de ópera, já comecei a gostar desse vinho mesmo antes de prová-lo, somente pelo seu nome e rótulo. O nome é uma homenagem a ária “Una furtiva lagrima” da ópera L’elisir d’amore, escrita por Gaetano Donizetti, e que conta a estória de Nemorino, um simples mas apaixonado camponês, que para conquistar o coração da amada Adina, compra uma garrafa de vinho pensando ser uma poção mágica que fará com que ela finalmente o ame de volta. O rótulo é uma beleza à parte, tendo inclusive já conquistado prêmios pelo seu design e efeito da aplicação na garrafa. Produzido com as uvas alicante bouschet, syrah e touriga nacional, e com estágio de 16 meses em barricas novas de carvalho francês, traz aromas de frutas vermelhas maduras e um leve tostado. É elegante, muito bem integrado e tem final longo. Um vinho belíssimo! Durante a degustação, o Nuno Ataíde ainda nos contou que o chamou assim porque ele próprio gosta muito de ópera e costumava cantar essa ária durante as suas aulas de canto lírico quando criança. Para fechar a noite, não se conteve e ainda nos presenteou com alguns versos muito bem cantados… “Una furtiva lagrima… Negli occhi suoi spuntò… quelle festose giovani… invidiar sembrò…” Avaliação: Excelente

Fvrtiva Lagrima

Santé e obrigado a Grand Cru pelo convite!

Lídio Carraro produzirá o vinho da Copa do Mundo de 2014

A vinícola Lídio Carraro, localizada em Bento Gonçalves, foi escolhida pela Fifa para fornecer, com exclusividade, os vinhos licenciados para a Copa de 2014. Segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, a escolha garante preferência aos produtos da vinícola nos eventos da competição e da Copa das Confederações, que será realizada em junho.

Na disputa pelo contrato, a Lídio Carraro concorreu com grandes empresas nacionais e internacionais, entre elas a Concha y Toro, Miolo e Salton, e garantiu o fornecimento de 6 mil garrafas em troca do pagamento de royalties à entidade. Para Juliano Carraro, diretor comercial da empresa, “a escolha abrirá muitas portas” e “a marca ficará muito mais conhecida e fortalecida”. A Lídio Carraro já havia participado desse tipo de projeto em 2007, quando forneceu o vinho oficial dos Jogos da Pan-Americanos realizados no Rio de Janeiro. Em sua página oficial na internet, a empresa informa que está preparando um novo site para apresentar os detalhes completos do novo projeto.

Fico feliz pela escolha de uma empresa nacional para nos representar em um evento de tamanha importância. Apesar de gostar dos seus vinhos, na minha opinião não faz o menor sentido que uma vinícola de origem chilena seja a fornecedora oficial de um evento realizado no Brasil, quando dispomos de empresas e produtos com qualidade suficiente para causar uma boa impressão sobre o vinho brasileiro. Na verdade, do jeito que a coisa anda, os vinhos da Lídio vão fazer bem mais bonito que a nossa seleção… Saúde!

Lídio Carraro

Dica da semana: Torresella Pinot Grigio Rosé IGT Veneto 2012

Confesso que não compro vinhos no Pão de Açúcar com muita frequência. Admiro o projeto deles de capacitar os profissionais e ter sempre uma pessoa nas lojas para orientar os clientes, mas acho que muitas vezes existe um exagero nos preços, ou melhor, nas margens. Vejo vinhos de R$ 35 sendo vendidos a R$ 59 e acho que o serviço e a conveniência não justificam essa diferença.

De qualquer forma, como bom discípulo de Baco, estou sempre lá olhando produtos novos, garimpando alguma promoção, pois sempre é possível encontrar exceções, algo que vale a pena. Na minha opinião, uma delas é a linha da neozelandesa Yealands Estate. Bons produtos a preços justos, ainda que com sortimento limitado. Gostaria que o Pão de Açúcar, ou qualquer outra importadora, começasse a trazer o restante da linha para o Brasil.

Outra grata surpresa foi o vinho que comprei e degustei neste final de semana, o Pinot Grigio Rosé IGT Veneto 2012 produzido pela Cantina Torresella e importado no país pela Bruck. Primeiro achei estranho um pinot grigio rosé, mas após alguma pesquisa na internet, descobri que o vinho leva um pouco da uva tinta corvina, provavelmente a responsável pela sua coloração rosada, com reflexos alaranjados. Achei o vinho bastante agradável. Leve, fresco, com aromas delicados de frutas silvestres e acidez equilibrada. Aquele vinho que geralmente agrada a todos, o que aconteceu conosco. Uma ótima opção como entrada ou para acompanhar peixes e saladas. O preço também agradou, de R$ 39 por R$ 32,90, o que pode ser uma excelente alternativa para a Páscoa! Santé!

Classificação: Muito bom e Ótima compra!

Torresella Pinot Grigio Rosé

O vinho: Torresella Pinot Grigio Rosé 2012

Muito sobre a acidez por Alexandra Corvo

Toda quarta-feira eu leio a coluna “Vinhos: O prazer de beber sem altas viagens” escrita pela Alexandra Corvo no caderno “Comida” da Folha de São Paulo. Já tive o prazer de fazer um dos cursos ministrados por ela na sua Escola Ciclo das Vinhas e a Alexandra é exatamente isso, prática, objetiva, “sem altas viagens” e com foco incansável na prática da degustação. Um dia ainda faço o seu Curso de Sommellerie para Profissionais.

Na sua coluna de hoje, a Alexandra abordou um tema importantíssimo e que, como ela mesmo disse, tende a ser, frequentemente, o motivo de qualquer desconforto durante a degustação de um vinho: a acidez. “Achei esse vinho muito ácido”, é o comentário que ouvimos quando alguém não gosta de um determinado vinho, principalmente quando o degustador é iniciante e ainda está adquirindo conhecimento suficiente para distinguir entre acidez e os outros agentes do processo.

Reproduzo aqui o texto escrito pela Alexandra de forma simples, clara e bastante enriquecedora. Santé!

Acidez: amiga ou inimiga? 

Não é incomum consumidores de vinho associarem qualquer sensação incômoda na boca à acidez. Mas não é bem assim. Explico.

Ao tomarmos um gole, se sentimos desconforto no céu da boca, nas mucosas ou gengivas ou, ainda, um calor que lembre algo apimentado, isso não é acidez. São expressões dos taninos e do álcool. Geralmente, sentimos a acidez nas laterais da língua, no fundo da boca, perto do osso maxilar, com pequenas variações. Uma confirmação de que estamos sentindo acidez é, depois de engolirmos, salivarmos.

Se você está salivando, é porque o vinho tem boa acidez. E é por isso mesmo que vinhos com boa acidez são ótimos para comer. Ao salivarmos, sentimos mais os sabores da comida. A acidez é como uma faísca de luz que ilumina todos os sabores do vinho.

Nos tintos, aparece mais sutilmente, misturada a texturas como as dos taninos. Não é sempre fácil identificá-la. Mas garanto que um tinto com boa acidez e pouco álcool combinará com mais pratos do que um vinho que não tenha acidez. Já nos brancos, quando aparece, dá um frescor inconfundível. Percebemos mais a acidez nesse estilo de vinho porque os bebemos frios, e isso evidencia a presença da acidez.

Claro que o vinho não deve ter só acidez. Ele deve ter concentração de sabor, que sentimos no meio da boca, deve ter uma boa cremosidade, que sentimos nas mucosas como algo de escorregadio e macio. Enfim, o vinho, como tudo na vida, deve ter equilíbrio de sabores. Se não for assim, o vinho é só ácido, e a sensação que teremos na boca é de um vinho magrelo e pontiagudo. E isso não é agradável.

Fonte: Alexandra Corvo – Folha de São Paulo